quinta-feira, 19 de maio de 2016

Referências Bibliográficas

BENTES, A. C. Lingüística Textual. IN. MUSSALIM, F. & BENTES, A. Introdução à Lingüística – Domínios e Fronteiras. 3ed. São Paulo, Cortez. Vol.1., 2003, p.245-287.

BENVENISTE, E. O Aparelho Formal da Enunciação. IN Problemas de Lingüística Geral II. Campinas: Pontes, 1989.

BRITO, P.L. Em terra de surdos-mudos: um estudo sobre as condições de produção de textos escolares. In: GERALDI, J.W. (org). O Texto na sala de aula. Cascavel: Assoeste, 1985.

COSTA VAL, M. G. Redação e textualidade. 3ed. São Paulo: Martins Fontes, 2006.

DIONÍSIO, Ângela P. Análise da conversação. In: MUSSALIM, F. & BENTES, A. C. (orgs). Introdução à Linguística – Domínios e Fronteiras. 6ed. São Paulo: Cortez, Vol.2, 2005, p.69-99.

DUCROT, O. O Dizer e o Dito. Campinas, Pontes, 1987.

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GERALDI, J.W. (org). O Texto na sala de aula. Cascavel: Assoeste, 1985, p.109-119.


INDURSKY, F. O texto nos estudos da linguagem: especificidades e limites. ORLANDI, E.P. & LAGAZZI, R. S.(orgs). Introdução às ciências da Linguagem - Discurso e Textualidade. Campinas, Pontes, 2006.

KOCH, I. V. O texto e a construção dos sentidos.  São Paulo, Contexto, 1997a.

KLEIMAN, A. Oficina de leitura: teoria e prática. 10ed. Campinas, Pontes, 2004.

MARCUSCHI, L. A. Lingüística textual: o que é e como se faz. Recife, UFPE, 1983.

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_____. Da fala para a escrita: atividades de retextualização. 7ed. São Paulo: Cortez, 2007.

_____. Análise da conversação. 6. ed. São Paulo: Ática, 2007b.

MUSSALIM, F. & BENTES, A. Introdução à Linguística – Domínios e Fronteiras. 5ed. São Paulo, Cortez. Vol.1., 2007.

PLATÃO, S. F. & FIORIN, J. L. Lições de Texto: leitura e redação. São Paulo, Ática, 1996.

SMOLKA, A.L. A criança na fase inicial da escrita. S. Paulo:Cortez, 1988.

Estratégias de leitura: cognitivas e metacognitivas


            As Estratégias de Leitura são operações regulares para abordar o texto. Essas estratégias podem ser inferidas a partir da compreensão do texto, que por sua vez é inferido a partir do comportamento verbal e não verbal do leitor: tipo de respostas sobre o texto, os resumos que ele faz, suas paráfrases e a forma como ele manipula o objeto.

  • Estratégias Cognitivas: são as operções inconscientes do leitor, no sentido de não ter chegado ainda ao nível consciente, que ele realiza para atingir algum objetivo de leitura. Por exem­plo, o fatiamento sintático é uma operação necessária para a leitura, que o lei­tor realiza, ou não, rápida ou cuidadosamente, isto é, de diversas maneiras,dependendo das necessidades momentâneas, e que provavelmente não pode­rá descrever.  


  • Estratégias Cognitivas: são as operções (e não regras) realizadas com algum objetivo em mente, sobre as quais temos controle consciente, no sentido de sermos capazes de dizer e explicar a nossa ação.
Conforme explicita Kleiman (op.cit.), dentro dessa visão do processo de leitura, como um conjunto de estratégias cognitivas e metacognitivas de abordagem do texto, o ensino es­tratégico de leitura consistiria, por um lado, na modelagem de estratégicas metacognitivas, e, por outro, no desenvolvimento de habilidades verbais sub­jacentes aos automatismos das estratégias cognitivas.

O exemplo a seguir, de acordo com Kleiman (op.cit. p.52-56), ilustra um caso em que o professor (mais experiente) orienta o aluno (menos experiente), a definir seus objetivos de leitura. O texto publicitário, através da combinação das linguagens verbal e não-verbal, ajuda a criar uma imagem de um leite puro, seguro, nutritivo (adjetivos usados no texto), e natural (associações que a figura do animal traz):


Intencionalidade - Conforme destaca Kleiman (2004), o processo de auxílio do leitor em compreender a intenção do autor passa pela busca de marcas lingüística dessa intenção.  No exemplo citado, o autor emprega você ao invés de vocês. O uso da terceira pessoa no singular estabelece um maior grau de intimidade, dificilmente alcançado quando usado o plural. 

Leitura, oralidade e escrita: práticas linguísticas, sociais e pedagógicas

As práticas de leitura e escritas configuram como representações sócio discursivas de diferentes classes. A prática pedagógica faz uso de cartilhas, livros e manuais didáticos para instrumentalizar os exercícios de leitura e escrita em sala de aula. Entretanto, a escola mostra modelos de escrita, mas não consegue ensiná-los. A escola não prioriza: Quais são as condições atuais de leitura? Quem lê? Quem escreve? Para quê? Por quê?

A linguagem é uma forma de ação, que se realiza por meio do discurso, socialmente situado e partilhado. O que isso significa? Isso significa que a língua não é fruto de construção individual, descontextualizada, mas é prática social, ou seja, se realiza como ação conjunta e partilhada entre sujeitos e entre sujeito e o mundo. Sua manifestação se dá através do discurso, que se constrói em contexto social e histórico, por sujeitos reais, que usam a língua para promover diferentes ações de linguagem: convencer, contar caso, dar opinião, dar conselho, passar receitas, fazer declaração de amor, etc. Essa forma de conceber a linguagem nos é dada pela concepção sócio-interacionista e discursiva, que situa o sujeito, o contexto, e o discurso, como elementos essenciais, o que garante plasticidade e dinamicidade à língua, numa contraposição à visão objetivista de linguagem, que a concebe apenas como forma.

Nessa direção, as práticas escolares de ensino e aprendizagem, pautadas no desenvolvimento da competência para o uso da língua em gêneros, passam a ter um caráter social e funcional. E a se guiar por objetivos mais claramente definidos: aprender a escrever para reclamar direitos (carta de reclamação), aprender a ler para se informar sobre onde assistir a um filme (agenda cultural), aprender a ler para admirar uma obra (romance), aprender a “falar” para se apresentar a um emprego (entrevista), conhecer e dominar os recursos linguísticos para provocar e compreender efeitos de sentido. A escolha por um determinado gênero de texto (carta de reclamação, agenda cultural, romance, entrevista e outros), e não outro, para provocar uma determinada ação de linguagem e as formas linguísticas de codificação dessas intenções estão intimamente ligadas à capacidade do sujeito de acionar, simultaneamente, um conjunto de conhecimentos a que denominamos de capacidades de linguagem.

A linguagem proporciona ao ser humano a criação de signos, que irão auxiliá-lo em sua comunicação e expressão, porém é língua que possibilitará a realização de práticas sócio-interativas.
A língua nada mais é que um conjunto de normas e regras comuns a uma população, através da qual o ser humano poderá agir discursivamente por meio de textos orais e escritos, podendo assim transmitir seu conhecimento ao longo das gerações. 

    O letramento, em sua maioria, ainda está intimamente atrelado aos modelos tradicionalistas de ensino, os quais prezam a capacidade de formação de frases e o uso correto das normas gramaticais. Contudo, esquecem-se de observar o ambiente em que os discentes estão inseridos e sua capacidade de interpretar e montar uma estrutura narrativa coesa, mesmo que com a presença de erros gramaticais. Cabe ao professor buscar a fonte de tais erros, que muitas vezes estão relacionados à fonética e problemas de leitura e compreensão de erros. Então como fazer para mostrar aos alunos a importância da leitura e escrita?
            O educador deve mostrar aos discentes as diversas modalidades de escrita e oralidade utilizando de recursos alternativos, como por exemplo, computadores, músicas, vídeos, artigos de jornais, blogs e etc. No artigo ‘Práticas de oralidade, leitura e escrita: possibilidades e desafios no processo pedagógico a educandos em privação de liberdade’, PARRA nos mostra como identificar problemas de oralidades e escrita através de músicas de rap. A leitura aguça nosso olhar para a busca de novas soluções para o ensino.

Ao ministrarmos as disciplinas relacionadas ao ensino de língua materna devemos ter em mente aspectos semânticos, sintáticos e fonológicos, principalmente nas series iniciais, momento este em que são desenvolvidas as capacidades dos indivíduos enquanto leitor, escritor e ouvinte. Tais habilidades proporcionam a criação de uma pessoa capaz de se comunicar e interagir com o mundo que o cerca.


Teorias do Texto

https://www.youtube.com/watch?v=4WRHw0y9mbU

Análise da Conversação

    
            Teoria pioneira em abordar conceitos externos da língua, contextos de produção, problematizados a partir da conversação humana, com grande potencial norteador em outros ciências oriundas da conversação humana, psicanálise cognitiva, filosofia da linguagem, Sociolinguística, dentre outras.
            Considerando fatores da conversação nata e factual do indivíduo atribui uma análise de forma a analisar um texto conversacional, teoria com registros de 1980, com a obra “Análise da Conversação”, de Luiz Antônio Marcuschi (1986/2007b).

Dentre a Etnometodologia, atribuímos a análise em 3 níveis, em uma perspectiva de interação, objetivados em detalhes da estrutura do processo:
  • Macronível (abertura e fechamento da conversa);
  • Nível Médio (atos de fala e sequência conversacional);
  • Micronível (estrutura sintática, lexical, fonológica e prosódica; estruturas internas da fala).

Considerando o Texto em sua modalidade oral, em ambientes onde haja conversa. Conversações informais, sem pré-estabelecer contextos.

Tópicos atribuídos ao discurso: centração, organicidade e delimitação.

O tratamento dos dados orais – primeiramente, deve-se considerar o sistema de transcrição de texto oral: as conversações naturais que servem de corpus para a AC devem ser gravadas ou filmadas para que o analista possa observar, transcrever e comprovar seus dados da maneira mais fiel possível. O analista pode privilegiar os aspectos fundamentais para sua análise, mas a transcrição deve ser legível. Em função do trabalho com textos orais, esta área possui normas de transcrição de texto bastante específicas para atender a todas as situações. A AC analisa materiais empíricos, orais, contextuais, incluindo realizações entonacionais e gestuais que possam colaborar com a construção do sentido. Um outro aspecto importante para caracterizar o perfil da Análise da Conversação é a importância conferida também aos recursos não verbais utilizados na fala.

Paralinguagem – pequenos sons emitidos pelo aparelho fonador que não constituem signos linguísticos, mas interferem na significação: hm hm, shiiii, tsc tsc.
Cinésica – movimento do corpo, mãos, gestos na conversação.
Proxêmica – proximidade / distância entre os interlocutores.

Tacêsica – uso de toque durante a conversação.

Silêncio ausência de conversação, mas que às vezes diz mais que mil palavras: falamos, portanto, com a voz e com o corpo.

Em um segundo momento da Teoria (Sintetiza a forma de transcrição)

OCORRÊNCIAS
SINAIS
EXEMPLIFICAÇÃO
1. Indicação dos falantes
Os falantes devem ser indicados em linha, com letras ou alguma
sigla convencional
H28
M33
Doc.
Inf.
2. Pausas
...
não... isso é besteira
3. Ênfase
MAIÚSCULA
ela comprou um OSSO
4. Alongamento de vogal
: (pequeno)
:: (médio)
::: (grande)
eu não tô querendo é dizer
que ... é: o eu fico até:: o: tempo
todo
5. Silabação
-
do-minadora
6. Interrogação
?
ela é contra a mulher
machista... sabia?
7. Segmentos incompreensíveis
ou ininteligíveis
( )
(ininteligível)
bora gente... tenho aula... ( ) daqui

8. Truncamento de palavras ou desvio sintático
/
eu pre/ pretendo comprar
9. Comentário do transcritor
(( ))
M.H. ... é ((rindo))
10. Citações
“”
“mai Jandira eu vô dize a
Anja agora que ela vai
apanhá a profissão de
madrinha agora mermo”
11. Superposição de vozes
[
H28. é... existe... [você ( )do homem...
M33.                    [pera aí... você
Acha... pera aí... pera aí 
12. Simultaneidade de vozes
[[
M33. [[mas eu garanto que muita coisa
H28. [[eu acho eu acho é a autoridade
13. Ortografia

tô,ta, vô, ahã, mhm


            Organização da conversa, de modo a relacionar interlocutores, e conversas, núcleos de turnos, atribuições verbais e não verbais, prosódicos, de maneira estratégica aborda claramente a compreensão no texto falado.

Estratégia 1- negociação: central para a produção de sentidos na interação verbal dada a sua natureza conjunta;

Estratégia 2- construção de um foco comum: na interação a base da troca é a sintonia referencial, o interesse comum e referentes partilhados;

Estratégia 3- demonstração de (des)interesse e (não-) partilhamento: se não há esse partilhamento a interação não progride;

Estratégia 4- existência e diversidade de expectativas: os interlocutores criam expectativas diversas em relação um ao outro relacionadas ao contexto, às condições em que são produzidas, conhecimento partilhado etc;

Estratégia 5- marcas de atenção: sinais enviados pelos interlocutores que demonstram se há boa ou má sincronia na interação.

            Uma ciência muito questionada, porém atribui grandes análises em ciências diversas quanto ao saber linguístico.

terça-feira, 17 de maio de 2016

Diferenças e Características da Fala e da Escrita

            Não devemos confundir língua com escrita, pois são dois meios de comunicação distintos. A escrita representa um estágio posterior de uma língua. A língua falada é mais espontânea, abrange a comunicação linguística em toda sua totalidade. Além disso, é acompanhada pelo tom de voz, algumas vezes por mímicas, incluindo-se fisionomias. A língua escrita não é apenas a representação da língua falada, mas sim um sistema mais disciplinado e rígido, uma vez que não conta com o jogo fisionômico, as mímicas e o tom de voz do falante.

            Conforme sintetiza Koch (1997b), vários estudiosos desta área como Marcuschi (1995), Koch & Oesterreicher (1990), Halliday (1985) e Koch (1992), afirmam que “os diversos tipos de práticas sociais de produção textual situam-se ao longo de um “continuum” tipológico, em cujas extremidades estariam, de um lado, a escrita formal e, do outro, a conversação espontânea, coloquial” (KOCH, 1997, p.31).

Escrita – Formal
Oralidade – Informal

            C
onforme Koch, (1997b), alguns autores (Chafe, Tannen, Halliday, Oesterreicher etc.) a partir da década de 60 consideraram a dicotomia entre as modalidades FALA e ESCRITA, atribuindo a cada uma características particulares.  Koch afirma que tais características refletiam uma visão preconceituosa e centrada no modelo da escrita formal padrão. Com base em tal dicotomia FALA X ESCRITA, categorizava-se que (cf. KOCH, op.cit., p.32):

FALA
ESCRITA
Contextualizada
Descontextualizada
Implícita
Explícita
Redundante
Condensada
Não-planejada
Planejada
Predominância do “modus pragmático”
Predominância do “modus sintático”
Fragmentada
Não-fragmentada
Incompleta
Completa
Pouco elaborada
Elaborada
Pouca densidade informacional
Densidade informacional
Predominância de frases curtas, simples e coordenadas.
Predominância de frases complexas e subordinadas
Pequena freqüência de passivas
Emprego freqüente de passivas
Poucas nominalizações
Abundância em nominalizações
Menor densidade lexical
Maior densidade lexical

            Mais especificamente, aspectos relacionados à visão dicotômica sobre Oralidade X Escrita; às especificidades das categorias Oralidade/Fala e Letramento/Escrita; ao binômio Oralidade/Escrita e prática sociais;  à visão culturalista; à visão variacionista; à interacional; à visão funcionalista da relação Fala e Escrita. Tais considerações são apresentadas por Marcuschi (2007a).

I. Fala x escrita - a perspectiva das dicotomias: esta visão é da perspectiva dicotômica entre fala x escrita, é considerada restrita, pois polariza essas duas modalidades da língua. Por outro lado, há quem considere nesta perspectiva as relações fala x escrita dentro de um “continuum”. Aqui as análises são voltadas para o código com permanência no fato linguístico. Esta teoria deu origem ao prescritivismo gramatical e à norma linguística. De modo geral, as características próprias à fala e à escrita são descritas/prescritas por essa visão da seguinte maneira:


FALA = contextual, implícita, redundante, não planejada, imprecisa, não normatizada.

ESCRITA = descontextualizada, explícita, condensada, planejada, precisa, normatizada.


            Tal visão, baseada no perfil das condições empíricas de uso da língua, é uma visão formalista distorcida do fenômeno textual. É uma visão “imanentista” que originou as Gramáticas Pedagógicas. Ela remonta a separação “forma x conteúdo”, classifica a fala como pouco “complexa” e postula que a escrita é fundada num conjunto de regras que regem a língua.

II. Oralidade x letramento ou fala x escrita? – há que se observar algumas especificidades dessas categorias teóricas, pois tais especificidades relacionam-se ao seu emprego em teoria e análise. O binômio Oralidade x Letramento está voltado para analisar as diferenças entre duas “práticas sociais”; enquanto que o binômio Fala x Escrita volta-se às diferenças entre duas modalidades de uso da língua.



Resumindo:


ORALIDADE: prática social apresentada sob várias formas ou gêneros textuais em sua diversidade de uso formal e contextual.


FALA: forma de produção discursivo-textual oral que dispensa um aparato técnico, necessitando, apenas, dos recursos próprios ao ser humano.

LETRAMENTO: uso social da escrita que vai de uma apropriação mínima da escrita até uma utilização científica dela.


ESCRITA: tecnologia de representação abstrata da fala e produção discursivo-textual com especificidades próprias.




III. Oralidade e escrita no contexto das práticas sociais: Marcuschi (2007a) situa o papel das práticas sociais da escrita e da oralidade na civilização contemporânea. Ele considera a relação entre “vida cotidiana” e os fenômenos da fala e escrita. O texto seria, então, uma prática social e não um artefato linguístico.

            A escrita, enquanto prática social, tornar-se-ia indispensável. Em relação ao uso da língua (fala e escrita) as práticas sociais têm o seu lugar, papel e grau de relevância de ambas as modalidades na sociedade – eixo de um “continuum” sócio-histórico-tipológico e até morfológico.

V. Oralidade x escrita: a tendência fenomenológica de caráter culturalista: esta visão é aculturalista e de perspectiva epistemológica. Ela observa as práticas sociais da oralidade x escrita, faz análise cognitiva dos efeitos de organização e produção do conhecimento no aspecto psico-sócio-econômico-cultural. Esta tendência é inadequada para o trato com os fatos da língua. Ela confere ao domínio da escrita o avanço na capacidade cognitiva-individual:


Cultura oral
Cultura escrita
Pensamento concreto
Pensamento abstrato
Raciocínio indutivo
Raciocínio dedutivo
Atividade artesanal
Atividade tecnológica
Cultivo da tradição
Inovação constante
Ritualismo
Analitismo


Há três grandes problemas nessa tendência:

·Etnocentrismo;

·Supervalorização da escrita; e

·Tratamento globalizante.

V. Fala x escrita – perspectiva variacionista: tal visão trata do papel da escrita a partir dos processos educacionais e da variação na relação língua padrão e não-padrão em contextos de ensino formal. Modelos teóricos baseiam-se no “currículo bidialetal”. Não há dicotomias, verificam-se as regularidades e variações:

Língua padrão 
Variedade não-padrão
Língua culta 
Língua coloquial
Norma padrão 
Norma não-padrão

            Marcuschi (2007) afirma simpatizar com essa tendência, mas acredita serem necessárias maiores reflexões. Para ele fala e escrita não são dialetos, mas “modalidades” de uso de língua. Nesse sentido o aluno se tornaria “bimodal”.

VI. Oralidade x escrita – a perspectiva interacional: esta perspectiva trata das relações entre fala e escrita, considerando o “continuum” textual. É a visão interacionista, cujos fundamentos baseiam-se em:


·Relação dialógica no uso

·Estratégias de linguagem

·Funções interacionistas

·Envolvimento e situacionalidade

·Formulaicidade


            Este modelo percebe mais sistematicamente a língua enquanto fenômeno dinâmico e estereotipado, centrando-se em atividades dialógicas que frisam os aspectos mais salientes da fala. Porém tem um baixo potencial explicativo e descritivo dos fenômenos sintáticos e fonológicos da língua (cf Marcuschi, 2007a).

            Nesta visão, as análises se prestam a observar a diversidade de formas textuais produzidas monologicamente e dialogicamente. Além disso, nela trata-se de fenômenos de compreensão na interação verbal e com o texto escrito, detectando especificidades na atividade de construção do sentido. Esta perspectiva postula que não se deve polarizar ou dicotomizar a relação entre fala e escrita e orienta-se por uma linha discursiva e interpretativa.

VII. Concepção e funcionamento da língua – consequente relação fala / escrita: O sucesso da análise vai depender da concepção de Língua que subjaz à teoria, bem como da noção de funcionamento da língua, esta é fruto das condições de produção. A noção de sistema atém-se à concepção básica de uma “estrutura virtual”. Fica desde já eliminada uma série de distinções geralmente feitas entre fala e escrita, tais como a contextualização (na fala) X descontextualização  (na escrita), implicitude (na fala) X explicitude (na escrita) e assim por diante.

            A língua (seja oral ou escrita) reflete a organização da sociedadeuma vez que se relaciona com as “representações e as formações sociais”. Entretanto, a fala e a escrita representam formas de organização da mente através das próprias representações mentais. Vale salientar, sobretudo, que, assim como a fala não apresenta propriedades intrínsecas negativas, também a escrita não tem propriedades intrinsecamente privilegiadas. São modos de representação cognitiva e social que se revelam em práticas sócio-culturais específicas. A oralidade e a escrita são ambas práticas sociais e não propriedades de sociedades distintas.



Outras Teorias cujo Objeto de Estudo é o Texto

A disciplina “Teorias do Texto” abrange o estudo teórico do texto e do contexto. As linhas que estudam os textos são: A sociolinguística, a pragmática, a análise do discurso e semiótica discursivas.

Sociolinguística: É uma área que estuda a língua em seu uso real, uma relação entre a estrutura linguística e os aspectos sociais e culturais da linguística. A sociolinguística é uma criação social, não podendo ser estudada como uma estrutura livre que não depende do contexto que se encontra da cultura e da história das pessoas que ultilizam como meio de comunicação. O que pode ter influência sobre a variação linguística de uma comunidade pode ser, sexo, a idade, o nível de instrução, o nível sócio cultural. O objetivo é identificar quais são os fatores que motivam a variação linguística. Pode observar que a língua muda de geração para geração. Ex.: “chato” “chatice” e “chatear”, que era considerado como calão, hoje faz parte da linguagem; as gírias e o linguajar caipira fazem parte das variações socioculturais.

É possível identificar certos fatores socialmente definidos, relacionados à diversidade linguística, como:

·         Identidade social do emissor ou falante;

·         Identidade social do receptor ou ouvinte;

·         O contexto social (estilos formal e informal);

·         O julgamento linguístico-social distinto que os falantes fazem de si e dos outros.

            Pragmática: Analisa o uso da linguagem e as condições que governam esta prática. Os estudos pragmáticos pretendem definir o que é linguagem e os significados linguísticos. Para Austin, todo e qualquer falar é acompanhado de uma ação. Os tipos de enunciados são constativos e performativos
·         Constativos – que realizam apenas uma afirmação, constatação – “A mosca caiu na sopa”.
·         Performativos – que realizam ações porque são ditos – “Eu vos declaro marido e mulher em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”.

            Austin também propôs chamar de atos locucionários, illocucionário e perlocucionário.
  • Ato locucionário: A mensagem, aqueles que dizem alguma coisa.
  • Ato ilocucionário: Como o falante expressa a mensagem (seus propósitos).
  • Ato perlocucionário: Como o interlocutor reage à mensagem.

Podem ser apontadas como as principais correntes pragmaticistas as seguintes:




O Pragmatismo Americano é
Foi desenvolvido por W. James & Morris sob forte influência dos estudos semiológicos de Charles Peirce, enfatiza a inclusão do sujeito na construção do sentido e desconstrói a noção clássica de Verdade.






Os Estudos dos Atos de Fala é
São influenciados pela Filosofia da Linguagem (Wittgenstein) e alavancados por Jonh L. Austin, enfatizam a performatividade da linguagem, cuja definição estaria diretamente relacionada à ação e interação. É grande a ênfase nas categorias de enunciados constativos e performativos; nos atos loucionais, ilocucionais e perlocucionais; e nas regras conversacionais que regem o princípio da cooperação na linguagem.


Os Estudos da Comunicação é
Integram ambos os interesses teóricos anteriores, mas acrescentam ainda o interesse pelas questões sociais e históricas em que priorizam as relações sociais, de classe, de gênero, de raça e de cultura.

Análise de discurso: Procura explicar a lingua identificando o sentido, que pode ser escrito, falado ou imagético. Todo discurso é constituído por um texto, que é a materialidade, o objeto real. A intradiscursividade e a interdiscursividade fazem parte da relação do discurso, o “inter” “Já dito” o “intra” formulação, momento atual.
Ferdinand Saussare elevou a linguística a estatuto da ciência, estabeleceu uma divisão entre lingua e fala, linguístico e extralinguístico Na década de 60 a linguística resgata o que foi excluído, a nova linguística como meio de agir no mundo que são as teorias pragmática que estuda os atos da fala (locucionário, ilocucionário e perlocucionário) uma linguagem com argumentação.

Algumas das categorias teóricas da Análise do Discurso mais importantes são:


  • Ideologia e Condições de Produção do Discurso.

  • Formações Discursivas, Formações Ideológicas e Formações Imaginárias.

  • Intertextualidade, Interdiscursividade e Intradiscursividade.

  • Paráfrase, Polissemia e Efeitos de Sentido.

  • Dialogismo, Polifonia e Intertextualidade.

  • Subjetividade e identidade: sujeitos e sentidos.

Semiótica discursiva: É qualquer signo que comunique no âmbito social; a ciência que estuda os signos e toda linguagem e fatos culturais. A semiótica aumenta cada vez mais suas pesquisas ao campo verbal. Para a semiótica, há três tipos de direções: primeiridade, segundidade e terceiridade: A primeira, sobre a sintaxe e a semântica do discurso, ambiguidade discursiva e argumentação, aquilo que é presente imediato; a segunda começa a partir dos estudos sobre a compreensão mais profunda dos significados; a terceira faz parte da semiótica detalhada como discursos visuais, gustativos, poético e estético a representação simbólica.

Os aspectos mais importantes das diferentes teorias de estudos do texto e da linguagem que foram apresentadas nesta unidade, em contraste com a linguística textual:

Linguística Textual
Sociolinguística
Pragmática
Semiótica Discursiva
Teorias da enunciação
Análise do Discurso
Unidade formal: início, meio e fim.
Registros/ recortes de fala.
-Texto equivalente ao enunciado;
-Atos de fala
Objeto semiótico-linguístico e não linguístico
Texto equivalente ao enunciado
-Unidade significativa
-Efeito-texto: completude: começo, meio e fim
-Texto: objeto não acabado, aberto
-Relações com a Intertextualidade e Interdiscursividade
-Objeto heterogêneo
Coesão e Coerência
Diferentes níveis de variação da/na linguagem
-Atos de fala; Intencionalidade; perfomatividade na linguagem
Textualização: junção do plano do conteúdo com o plano de expressão
Coesão e Consistência
Textualização, tessitura dos recortes e das cadeias discursivas, efeito de textualidade
-
-
-
-
-
Trabalho dos sentidos no texto
Internas
Internas e contextuais
Internas e contextuais
Internas
Internas e contextuais
-Textuais
-Contextuais
-Intertextuais
-Interdiscursivas
Linguístico
(cotexto)


Linguístico
Situacional (aqui/agora)
Sócio-histórico
Autor / Leitor
Falante / Ouvinte
Falante/Ouvinte;
Interacionalidade;
Cooperatividade
Sujeito do discurso: representação da instância do sujeito do discurso: actantes
Locutor / Interlocutor
-Posição-sujeito inscrita numa Formação Discursiva (Sujeito atravessado pelo inconsciente e interpelado pela ideologia)
-Funções enunciativas do sujeito: função-autor; efeito-autor; autoria
Sentido dado pelo texto
Sentido dado pela situação linguística e social
Sentido dado pela situação linguística e interacional
Construção do percurso gerativo dos sentidos
Sentido construído pelos interlocutores
Sentido intervalar: efeito de sentido entre o sujeito-autor e o sujeito-leitor mediado pelo texto
Texto/Discurso: equivalentes
Texto/Discurso: equivalentes
Texto/Discurso: equivalentes
-Texto / Discurso equivalentes;
-Texto: representação semântica do discurso
-Uma unidade que deve ser manifestada por alguma semiótica
Texto / Encuniado / Discurso: equivalentes
Texto: a materialidade do discurso