terça-feira, 5 de abril de 2016

As três fases da Linguística Textual

A Teoria do Texto veio para estudar o que o Estruturalismo linguístico deixou de lado, sendo assim, a Linguística Textual estabeleci um novo destino da Linguística que começou a desenvolver-se na década de 60. Sua hipótese de trabalho reside em tomar como unidade básica, ou seja, como objeto de investigação, não mais a palavra ou a frase, mas sim o texto, por serem os testos a forma específica de manifestação da linguagem. Nessa concepção a Linguística Textual ultrapassa os limites da palavra e  frase e entende a linguagem como interação. Assim, justifica-se a necessidade de descrever e explicar a língua dentro de um contexto, considerando suas condições de uso.
A Teoria Textual pegou alguns dos aspectos mais relevantes que foram reprovados na tradição estruturalista e que serviram ponto de partida para o começo da Linguística textual, no sentido de serem obstáculos a serem superados foram:

  • ·         a delimitação da frase (e não do texto) como unidade máxima de análise
  • ·         a desimportância relegada ao texto e sua organização global
  • ·  a desconsideração da Fala (do texto falado) e seus aspectos funcionais e organizacionais
  • ·     e por fim a total desconsideração do sujeito (falante) e da situação comunicativa na análise linguística.


Na busca por alcançar as metas acima, a Teoria do Texto passou por três fases de desenvolvimento. Conforme visam Bentes, 2007; Indursky, 2006; e Koch, 2009; 2007; 2006, não houve um desenvolvimento exatamente homogêneo dessas três fases. Os estudos acerca do texto desenvolveram-se e ampliaram-se em diferentes países dentro e fora da Europa (destaque-se a produção norte-americana, germânica e anglo-saxã), mais ou menos à mesma época e com preocupações teóricas variadas.

Assim, é importante perceber que não houve precisamente uma sucessão cronológica na transposição de uma fase à outra. O que melhor caracteriza a mudança de uma fase para a outra é muito mais a ampliação e aprofundamento gradual dos estudos da Teoria do Texto, marcando cada vez mais fortemente o seu afastamento em relação à Linguística Estrutural. Cada nova fase busca superar os limites e insuficiências da fase anterior. Conforme descrevem Bentes, 2007; Indursky, 2006; Marcuschi, 1983 e Koch, 2009; 2007; 2006. 

ATENÇÃO!

É bom lembrar que apesar de não se poder levar em conta datas precisas quanto ao início e fim de cada uma das fases, é possível contextualizar aproximadamente (e superficialmente) a Fase Transfrástica na década de 1960, a Fase da Gramática Textual na década de 1970 e a Fase da Teoria do Texto a partir da década de 1980 até os dias de hoje.









1a Fase Transfrástica.

À análise transfrástica, que tem como finalidade explicar os fenômenos sintático-semânticos, ou seja, ela estuda as relações ocorrentes entre enunciados ou sequências de enunciados. A análise transfrástica ainda não considerava o texto como objeto de análise, ou seja, os estudos partiam da frase para o texto.

“na análise transfrástica, parte-se da frase para o texto. Exatamente por estarem preocupados com as relações que se estabelecem entre as frases e os períodos, de forma que construa uma unidade de sentido, os estudiosos perceberam a existência de fenômenos que não conseguiam ser explicados pelas teorias sintáticas e/ou pelas teorias semânticas: o fenômeno da correferenciação, por exemplo, ultrapassa a fronteira da frase e só pode ser melhor compreendido no interior do texto.” (BENTES, 2007, p.247).


2a Fase da Gramática Textual.

Essa fase apoiou-se no propósito de gerar gramáticas textuais. Mesmo considerando-se já um bom desenvolvimento nas investigações da Teoria do Texto,
considerava-se ser o texto um sistema uniforme, sólido e impalpável e, nesse ponto, ainda se aproximavam um pouco da forma como o estruturalismo descrevia a língua (sistema uniforme, estável e abstrato). As gramáticas textuais refletiam acerca de fenômenos linguísticos não explicáveis por uma gramática da frase.

“Neste período, postulava-se o “texto” como uma unidade teórica formalmente construída, em oposição ao “discurso”, unidade funcional, comunicativa e intersubjetivamente construída.”  (BENTES, op.cit., p.249).


3a Fase da Teoria do Texto.

E na terceira fase, pode-se considerar o texto como evolutivo, uma vez que, percebe-se visivelmente o texto como processo e não como produto, na dimensão em que seus conceitos se evoluem, levando-se em consideração o texto e o contexto.

“investigar a constituição, o funcionamento, a produção e a compreensão dos textos em uso... [adquirindo] particular importância... [o] seu contexto pragmático [ou seja,] o conjunto de condições externas da produção, recepção e interpretação dos textos.” (BENTES, op.cit., p.251).

Vemos assim que, nessa perspectiva, a Teoria do Texto torna-se uma disciplina de caráter interdisciplinar, relacionando seus interesses com os de outras áreas do conhecimento que envolvem questões de linguagem e sociedade. Conforme Marcuschi (1998), a LT pode ser bem compreendida como “uma disciplina de caráter multidisciplinar, dinâmica, funcional e processual, considerando a língua como não-autônoma nem sob seu aspecto formal”. (MARCUSCHI,1998).


Assim como a Teoria do Texto ampliou-se ao decorrer das três fases, o conceito de Texto também evoluiu. 

7 comentários:

  1. Muito bom, ajudou bastante a compreender sobre a Linguística Textual. Mas gostaria de obter as referências. Obrigada!

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  2. GOSTEI TAMBÉM! MAS CONCORDO COM A FÁTIMA. POR FAVOR POSTEM AS REFERÊNCIAS.

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  3. Ótima explicação, clara e objetiva. Fez toda a diferença.

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  4. Também concordo que precise da referência, somente isso!

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  5. BENTES. A.C. Linguística textual. IN: Mussalim, F.; Bentes, A.C. (Orgs) Introdução à linguística. Domínios e fronteiras. Volume 1. 7ª edição. São Paulo: Cortez, 2007.

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