A
Teoria do Texto veio para estudar o que o Estruturalismo linguístico deixou de
lado, sendo assim, a Linguística Textual estabeleci
um novo destino da Linguística que começou a desenvolver-se na década de 60.
Sua hipótese de trabalho reside em tomar como unidade básica, ou seja, como
objeto de investigação, não mais a palavra ou a frase, mas sim o texto, por
serem os testos a forma específica de manifestação da linguagem. Nessa concepção
a Linguística Textual ultrapassa os limites da palavra e frase e entende a linguagem como interação.
Assim, justifica-se a necessidade de descrever e explicar a língua dentro de um
contexto, considerando suas condições de uso.
A
Teoria Textual pegou alguns dos aspectos mais relevantes que foram reprovados
na tradição estruturalista e que serviram ponto de partida para o começo da
Linguística textual, no sentido de serem obstáculos a serem superados foram:
- · a delimitação da frase (e não do texto) como unidade máxima de análise
- · a desimportância relegada ao texto e sua organização global
- · a desconsideração da Fala (do texto falado) e seus aspectos funcionais e organizacionais
- · e por fim a total desconsideração do sujeito (falante) e da situação comunicativa na análise linguística.
Na busca por alcançar as metas acima, a Teoria do Texto passou por três
fases de desenvolvimento. Conforme visam Bentes, 2007; Indursky, 2006; e Koch,
2009; 2007; 2006, não houve um desenvolvimento exatamente homogêneo dessas três
fases. Os estudos acerca do texto desenvolveram-se e ampliaram-se em diferentes
países dentro e fora da Europa (destaque-se a produção norte-americana,
germânica e anglo-saxã), mais ou menos à mesma época e com preocupações
teóricas variadas.
Assim, é importante perceber que não houve precisamente uma sucessão
cronológica na transposição de uma fase à outra. O que melhor caracteriza a
mudança de uma fase para a outra é muito mais a ampliação e aprofundamento
gradual dos estudos da Teoria do Texto, marcando cada vez mais fortemente o seu
afastamento em relação à Linguística Estrutural. Cada nova fase busca superar
os limites e insuficiências da fase anterior. Conforme descrevem Bentes, 2007;
Indursky, 2006; Marcuschi, 1983 e Koch, 2009; 2007; 2006.
ATENÇÃO!
É bom lembrar que apesar de não se poder levar em conta datas precisas
quanto ao início e fim de cada uma das fases, é possível contextualizar
aproximadamente (e superficialmente) a Fase Transfrástica na década de 1960,
a Fase da Gramática Textual na década de 1970 e a Fase da Teoria do Texto a partir
da década de 1980 até os dias de hoje.
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1a Fase Transfrástica.
À análise transfrástica, que tem como finalidade explicar os
fenômenos sintático-semânticos, ou seja, ela estuda as relações ocorrentes
entre enunciados ou sequências de enunciados. A análise transfrástica ainda não
considerava o texto como objeto de análise, ou seja, os estudos partiam da
frase para o texto.
“na análise
transfrástica, parte-se da frase para o texto. Exatamente por estarem
preocupados com as relações que se estabelecem entre as frases e os períodos,
de forma que construa uma unidade de sentido, os estudiosos perceberam a
existência de fenômenos que não conseguiam ser explicados pelas teorias
sintáticas e/ou pelas teorias semânticas: o fenômeno da correferenciação, por
exemplo, ultrapassa a fronteira da frase e só pode ser melhor compreendido no
interior do texto.” (BENTES, 2007,
p.247).
2a
Fase da Gramática Textual.
Essa
fase apoiou-se no propósito de gerar gramáticas textuais. Mesmo considerando-se já um bom
desenvolvimento nas investigações da Teoria do Texto,
considerava-se
ser o texto um sistema uniforme, sólido e impalpável e, nesse ponto, ainda se aproximavam um
pouco da forma como o estruturalismo descrevia a língua (sistema uniforme,
estável e abstrato). As gramáticas textuais refletiam acerca de fenômenos linguísticos
não explicáveis por uma gramática da frase.
“Neste período,
postulava-se o “texto” como uma unidade teórica formalmente construída, em
oposição ao “discurso”, unidade funcional, comunicativa e intersubjetivamente
construída.” (BENTES, op.cit.,
p.249).
3a
Fase da Teoria do Texto.
E na terceira fase, pode-se considerar o texto como evolutivo, uma vez que, percebe-se visivelmente o texto como processo e não
como produto, na dimensão em
que seus conceitos se evoluem, levando-se em consideração o texto e o contexto.
“investigar a
constituição, o funcionamento, a produção e a compreensão dos textos em uso... [adquirindo] particular
importância... [o] seu contexto pragmático [ou seja,] o conjunto de
condições externas da produção, recepção e interpretação dos textos.” (BENTES, op.cit.,
p.251).
Vemos
assim que, nessa perspectiva, a Teoria do Texto torna-se uma disciplina de
caráter interdisciplinar, relacionando seus interesses com os de outras áreas
do conhecimento que envolvem questões de linguagem e sociedade. Conforme
Marcuschi (1998), a LT pode ser bem compreendida como “uma disciplina de
caráter multidisciplinar, dinâmica, funcional e processual, considerando a
língua como não-autônoma nem sob seu aspecto formal”. (MARCUSCHI,1998).
Assim
como a Teoria do Texto ampliou-se ao decorrer das três fases, o conceito de
Texto também evoluiu.